segunda-feira, 19 de julho de 2010

E mais um conto: "Amor de Verão"

Férias! De malas prontas e contas pagas, coloquei meu pezinho na estrada. O destino final era Tocantins, casa de parentes. Fomos eu, meus pais, minha irmã e minha doce e meiga prima. Saímos as 4:00h da madrugada, animados, ansiosos; riamos até da cara amarrotada de sono que estávamos...só alegria e sorrisos.
No estradão desse meu Goiás, só cerrado e belas paisagens, e como não poderia faltar, aquela paradinha na beira da estrada pra olhar o sol nascendo redondo e alaranjado, saboreando uma bela farofa de carne seca e um cafezinho, quentinho, passado com coador de pano tradicional, armazenado numa dessas garrafas térmicas comuns. Até algo assim tão simples, parece que tem um sabor mais gostoso quando estamos de férias.
Depois de longas horas na estrada, chegamos. Fomos recepcionados calorosamente por minha tia, tio e primos, abraços apertados e declarações de saudade e amor. Chegamos por volta de 16h:30min, e como estávamos de férias, nada de descanso; no mesmo dia fomos a um jantar na casa de um de nossos primos. “Maria Isabel” (arroz com carne seca) com ovo e muita conversa fiada. Estávamos nos divertindo pra valer, quando chega uma figura simpática, meio tímida, e que me chamou a atenção. Minha prima, sempre muito educada, me apresentou o tal moço, que me cumprimentou com um aperto de mão e um beijo leve na maça do rosto (Ai que homem cheiroso, pensei). Devidamente apresentados, conversamos por alguns poucos minutos, pois eu e minha família já estávamos de saída. Me despedi e fui embora. No dia seguinte fomos passar o dia em uma chácara de minha tia, belo lugar, rodeado de pés de caju e bem pertinho do lago. Santo lugar, santo remédio para o estresse da cidade grande. Os homens foram pescar e as donzelas ficaram para preparar o rango. A macharada chegou e as panelas já estavam na mesa, comemos, e comemos muito, parecia que nunca havíamos comido na vida. Depois da comilança, como é de praxe, bate aquele sono lascado, daqueles que você tenta, mas não agüenta ficar de olho aberto. Caí numa rede enorme, num sono mais que profundo, apaguei e nem vi o dia passar. Algumas horas se passaram e eu acordei, com a vista ainda meio embaçada avistei o tal moço do outro dia, sentado numa dessas cadeiras de bar, a alguns metros da rede onde eu estava. Só pode ser sonho, pensei, mas não, era ele em carne, ossos e toda aquela beleza. Fiquei desesperada, ajeitando o cabelo e a cara. Levantei-me e o cumprimentei ligeiramente. Vamos tomar banho no lago! Berrou minha tia, toda pronta já. Nos vestimos e saímos em direção ao lago, sedentos por um mergulho, tava um calor de matar. A água estava uma delícia, temperatura ideal, e lá vem ele (ai Jesus!), sentou-se calmamente do meu lado e perguntou; − Tá tudo bem ai? E eu quase que não respondo, tão fascinada que eu estava por aquele belo par de olhos cor de jabuticaba; −Tá sim! E não passamos daquelas palavrinhas naquela tarde. 18h:00, hora de juntar as tralhas e voltar a cidade, a programação era cachorro quente e truco na casa de minha tia a noite. (Chegamos) Tomei meu banho, coloquei meu vestidinho estampado e fui jogar com a galera. Por volta de 21h:30min quem chega? É, ele mesmo, (esse cara tá me perseguindo, só pode) o tal moço veio atendendo ao convite de meu primo (sei!). Cumprimentou-me e sentou-se pra brincar também. Foi ficando tarde, e é claro, as pessoas vão saindo uma a uma. Restaram na sala eu, minha prima, minha irmã e ele, o fulano do outro dia. Continuamos a brincadeira, meus pais e tios se recolheram para dormir. Depois de longas horas de conversa e muitos bocejos ele decide, “tenho que ir”, (mas já? pensei comigo). Minha prima, muito esperta por sinal, se levanta, e apontando o dedo em minha direção diz: − Leva ele até a porta, por favor. E eu, balancei a cabeça positivamente. Peguei as chaves, e fui com ele até o portão. Naquele momento, minhas mãos estavam tão frias e trêmulas que entregavam a ele meu nervosismo e expectativa. Ele segurou minha mão e disse: − Gostei muito de te conhecer, você, sinceramente, mexeu comigo. Eu quase fui à loucura quando ouvi isso, meu coração parecia que ia explodir de tanta felicidade. Tenho que me recompor, pensei, diminui o sorriso e disse, também gostei muito de ti, muito mesmo. E eu, achando que não ia passar de palavras me despedi, “então tchau viu, até qualquer dia!” E ele, com toda aquela confiança de homem, disse: − Eu queria uma lembrança sua. E depois dessa frase, veio em minha direção e foi se aproximando devagarzinho, sem pressa, o cheiro dele ia ficando mais forte e eu, cada vez mais nervosa, chegou o mais próximo, segurou-me com uma das mãos pela cintura e a outra posicionou levemente no meu rosto e pronto, o beijo. Dois dias inteiros de tentativas e conversas e o beijo não durou mais que 10 segundos. Após aquele breve momento de paixão, ele se distanciou, sentou-se em sua moto e disse; − Nos vemos amanhã? E eu com um sorriso enorme no rosto, apenas balancei minha cabeça em sinal de “é claro que sim”. Ele foi, e eu fiquei ali, o seguindo com os olhos até que ele sumiu no fim da rua. As lembranças e o gostinho de quero mais ficaram no meu coração, e ainda hoje, me lembro daquele meu amor de verão.


Glenda Barros