sexta-feira, 10 de setembro de 2010

Meu inconsciente não tem gosto!!!


Acordei cantarolando intermitentemente o mais novo sucesso; "papa americano..." (mensagem subliminar tentando promover a aceitação de um futuro Papa americano?) ou "papo americano" (referindo-se as conversações típicas do povo das américas), ou seria; "papa o americano?" (coitado do americano!) ou "papamericano" (tudo junto?) a credo, sei lá, no som sai tudo igual mesmo.
Tentei me lembrar, afinal de contas, onde foi que ouvi essa música. E nada, também, está tocando em todo lugar.
Que coisa mais idiota, travei uma luta interna, comigo mesma, (perdoa o pleonasmo), tentando o dia todo tirar a música da minha cabeça. Não, nem posso chamar de música, para isso teria, no mínimo, que ter na letra uma frase completa, ou pelo menos, uma palavra que fizesse sentido, ora essa. Irada; será que existe uma pessoinha (traidora) com preferência musical duvidosa, alojada no meu inconsciente e tentando corromper minha sanidade? Não é possível.
A primeira tentativa foi de eleger um adversário, assim, se eu cantasse repetidamente uma coisa melhor, (qualquer coisa seria melhor), seria como gravar por cima de uma fita cassete. Tentei, e parecia que estava funcionando, mas ficar assim forçando um pensamento, cansa. E quando eu parei um pouquinho e o imaginário ficou vazio.... lá vem de novo; "papamericano". Urrrhh!!!! (Adeus teoria da fita cassete).
Tentei a intimidação; "EU NÃO QUERO CANTAR ESSA DROGA!" "ME OBEDECE INCONSCIENTE, EU MANDO EM VOCÊ!". Nada, também não resolveu.
A revolta passou para o compositor, quem foi que teve essa idéia genial? Unir uma baladinha eletrônica, á repetição sem explicação, da mesma palavra, cantada por algum fanho? Qual a mensagem afinal de contas? Qual a intenção? Desconfio que era essa mesma; ocupar a nossa mente com uma coisa inútil.
Não seria o primeiro a conseguir, todas as canções deste tipo; sem noção, sem sentido, sem conteúdo, sem futuro, entram na cabeça da gente e se instalam lá, sem autorização, se achando donas do pedaço. Melodias simples, sem muitas notas, letras repetitivas e agente cai. Lembra? Da Macarena, da Festa no Apê. ..."Pocotó, pocotó, pocotó, minha éguinha pocotó..." "créu, créu, créu, créu..." "rebolation, rebolation."
Ah não gente, parei, vocês já entenderam né? Tenho medo de ficar escrevendo e elas se unirem numa espécie de complô e se tornarem mais fortes e invencíveis.
Fiquei pensando naqueles que compram os cds, e cantam e dançam, procuram o estrago com as próprias mãos. Lembrei das musiquinhas infantis, pelo menos estas, formatam o cérebro das crianças com alguma coisa construtiva (algumas). Das propagandas que se eternizaram por causa da trilha sonora e nos fizeram consumir; Danoninho, Batom até Biotônico, e toda espécie de produtos. E ainda estão ai os jingles da política, que usam muitas das músicas inúteis, para facilitar a memorização e quando menos esperamos estamos repetindo o número, o nome e o slogan de algum candidato desconhecido (até agora).
O inconsciente é um mecanismo perigoso, absorve o que é oferecido, seleciona com critérios estranhos, e é controlador.
Ah, não teve jeito, eu desisti, porque quanto mais pensava na idéia de vencer o inimigo, mais forte ele ficava. Funcionou, quando me dei conta, tinha sumido, melhor não comemorar muito, nem pensar muito na vitória, senão o derrotado ressurge.
Mas fiquei incomodada, como pode uma coisa dessas?
Meu inconsciente não tem gosto!


'Kelly Rodrigues