sábado, 15 de janeiro de 2011

Peito Cheio

O papel em branco, a cabeça vazia e o peito cheio de sentimento e boas sensações pra demonstrar. Não sei se deu pra perceber, mas estou amando. Cresci num lar onde o amor era ensinado, correspondido e devidamente respeitado.
Anos e anos de convivência, e aqueles dois (meu pai e minha mãe) ainda agem como se fossem um casalzinho adolescente em fase de conhecimento e reconhecimento; mãos sempre unidas, palavras bonitas trocadas, amor em forma de gestos e ações...
Admirava-os e ficava observando o cuidado, o zelo; pensava comigo, será que existe algo assim reservado pra mim? E enquanto eu cochichava nos ouvidos de Deus, Ele preparava pra mim um ser composto por características singulares, no mundo, quase extintas. Juro que achava, que meus pais eram uma espécie de guardiões do amor, pois nunca vi, nem ouvi falar de algo parecido ao que eles viviam e demonstravam.
Ainda bem que não era bem assim, o amor me disse oi e eu consegui ouvir. Não estou falando de utopia, estou vivendo uma realidade, não estou dizendo que é perfeito, estou aconselhando que tentem e se permitam amar. Enquanto você acreditar que o amor é algo raro e pra poucos felizardos, sua cara vai continuar amarrada, seu corpo vai permanecer carente e seu coração vai persistir no vazio.
Amar está intimamente ligado a fé, pois se deixamos de acreditar em sua existência ele deixa de ser real e passa a ser uma aspiração remota, um sonho impossível. Deus ao soprar em nossas narinas, não queria só nos encher de ar, queria nos infectar completamente de sua essência, queria transmitir-nos esse vírus contagioso, capaz de impregnar o olhar de felicidade.
To com o peito cheio de amor pra dar, sorte a minha arrumei pra quem doar, já estava casada de guarda-lo só pra mim, de ver tudo aqui dentro apodrecer, mofar; agora está tudo mais que bem, me ajeitei nos braços desse alguém e agora sim, já posso sentir o gosto, minhas mãos já tocam o rosto, desse tal amor que eu tanto falo...


Glenda Barros