quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Odeio Silêncio



Não sei porque as pessoas veneram tanto o silêncio. Sinceramente, não vejo a menor graça em permanecer calada. Eu posso dizer que era feliz e não sabia (sabia sim), trabalhava num lugar onde as pessoas riam, brincavam e tagarelavam, tudo isso no tom que bem entendiam. Não tinha essa de medir o volume da voz, pesar as palavras pra liberar uma minúscula porcentagem de quilogramas por minuto.

O lugar agora é chique, requintado, elegantérrimo por sinal. Paredes revestidas em mármore branco, o chão também; lustres suntuosos, música ambiente em todas as salas. Quando visualizei o lugar pela primeira vez, fiquei estática, imóvel, com a boca meio aberta, igualzinho a um caipira num Shopping Center.

Tudo é digital, as lixeiras dos sanitários se abrem quando você aproxima sua mão a um sensor instalado na tampa, o fogão não tem fogo (?), pra entrar a gente utiliza a digital do polegar direito, a modernidade está em cada canto, em cada detalhe, e mesmo sendo já deste século, ainda não aprendi a manusear aquela bendita máquina de café!

Definitivamente, não sei ser chique! A lixeira me assusta, o fogão me deixa invocada e a máquina de café é uma incógnita. Minha cara não combina com o lugar, to custando pra me adaptar. Fico meio desconcertada com algumas coisas, evitando outras, mas nada é tão indigesto e insuportável do que o digníssimo silêncio, esse sim, consegue me incomodar....

Não dá nem pra falar com as paredes, pois as ondas sonoras que você emite retornam numa pancada imensa de decibéis, ou seja, elas gritam com você, e gritar por aqui, só estando louco ou querendo assinar um AVISO de adeus.

Mas já que não tenho outra escolha, vou ficando por aqui, falando baixinho, sussurrando de mansinho,  procurando evitar qualquer atitude que demonstre minha ignorância tecnológica, afinal, de chique eu só tenho o nome, mas ninguém precisa saber disso!

Só conto pra vocês!

Glenda Barros