sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

Musas enfeitiçadoras!


Por Glenda Barros

To toda arranhada! E antes que você ai do outro lado tire suas conclusões precipitadas, vou explicar o porquê dessas escoriações acidentais na minha pele. Quando eu tinha mais ou menos onze anos de idade comecei a estudar música, mais especificamente teclado, e de lá pra cá nunca mais parei, do teclado passei para o piano e inclui canto coral e popular.
Por conta disso nunca podia deixar minhas unhas crescerem, pois atrapalhavam o desempenho dos dedos na execução das notas no teclado. Tem mais ou menos uns seis meses que eu parei com o piano erudito, e só agora minhas queridas unhazinhas conseguiram crescer sem quebrar.
Depois de uma vida toda reprimindo as coitadinhas, descobri que eu não estou preparada fisicamente, muito menos psicologicamente para ter unhas grandes e felinas. Outro dia ao escovar os dentes enfiei, sem dó nem piedade alguma, a unha do dedinho mindinho no canto da boca, o sangue jorrou e eu fiquei apavorada, sem saber se lavava a boca ou se olhava a bendita unha pra ver se não tinha quebrado...
Eu cresci achando que só tinha dedos, nunca imaginei que unhas fossem tão ameaçadoras e perigosas. Pentear os cabelos ou coçar alguma parte do meu corpo( minha santa ignorância!), sem as infelizes, eu afundava meus dedos gordos e cabeçudos e coçava até ficar de boca aberta e com aquela cara de retardada, agora não, se eu empenho um pouco de força, abre-se uma vala do tamanho do gran kenion, enorme e profunda, bem no local, que pra remendar só mesmo à base de linha e agulha.
O pior é que as danadas estão lindas, todas trabalhadas no vermelho intenso da Risqué. Eu me arrumo na frente do espelho olhando pra elas, desço a escada segurando o corrimão, não mais por uma questão de segurança, mas para olhar aquelas devoradoras envernizadas da cor da paixão em movimento, como elas combinam comigo, como eu as amo (bobagem)! Agora faço questão de ajeitar meus cabelos, de comer com garfo e faca (fica tão bonito), de dançar valsa (fica mais fácil de olhar pra elas), de descansar minhas mãos em cima dos joelhos.
Tô toda estraçalhada, mas as minhas unhas continuam impecáveis, sedutoras e fatais. Agora o jeito é comprar uma escova de dentes elétrica,  contratar alguém pra me coçar e juntar os retalhos que ainda sobraram de mim; pois concentrei minhas forças nas digníssimas e desfazer-me delas causaria um enorme desfalque na minha poupança de auto-estima, e cá pra nós, antes algumas fatias de pele irem embora nas laminas/unhas que perder o glamour, charmoso e atraente, das musas enfeitiçadoras presas às pontas dos dedos...
Quem pode, PODE....
ADOOOROOO!!!