terça-feira, 3 de agosto de 2010

O RETRATO DO AMOR



Sentei-me no banco da praça. No pulso o relógio marcava 17h45min, já se podia sentir aquela brisinha mansa e fresca que avisa que a noite se aproxima. Além do horizonte o sol vai se escondendo preguiçosamente, parece que ele faz isso de propósito, só para ficarmos ali, contemplando e degustando cada segundo de sua encenação.
Estagnada com o espetáculo divinal, ouço ao longe uma risadinha, que consegue, milagrosamente, me tirar daquele transe hipnótico. Empenhei minha atenção na busca do dono daquela risada. Meu olhar investigador, que seguia o som dos acordes daquele sorriso, finalmente sintonizou-se na freqüência do mesmo, a cena que aquela trilha sonora embalava encheu meus olhos de graça, quanto amor, quanta ternura havia na expressão daqueles dois malucos apaixonados.
O amor “embobece” mesmo as pessoas; até o jeito de falar se infantiliza. As palavras são pronunciadas de uma maneira tão melosa que, vocábulos mono ou dissílabos, se transformam em longos polissílabos (amÔoooooooor, sabia que eu te amooooooooooooooo), é mel pra mais de metro.
Continuei a mirar o casal que, trancafiados em seu mundinho cor de amor, não percebiam mais ninguém além da imagem um do outro. Ele acariciava o rosto dela lentamente, com se estivesse contemplando a coisa mais linda desse mundo, o toque suave e preciso daquele mancebo apaixonado, iam esculpindo nos lábios de sua amada um largo e doce sorriso.
Seus dedos/pincéis seguiam perdidos por entre os fios negros do cabelo dela, arrancando suspiros de amor de sua alma, que eram perceptíveis no olhar satisfeito, na face envolvente e no arrepio do seu corpo totalmente entregue ao sabor do amor.
O amor é mesmo lindo de se ver! Fiquei encantada com aquela imagem impressa no crepúsculo do dia; registrei aquele momento na memória pra não mais esquecer, meu coração desencorajado, renovou-se em esperança, o amor ainda existe, hoje pude fotografá-lo de longe, sentada bem ali, naquele banco de praça...