segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Reticências...

Glenda Barros


Estou com aquela sensação que transforma a face, que aumenta o brilho nos olhos, que faz o coração bombear com mais velocidade e intensidade, acho que agora vai! Gosto disso, dessa certeza convicta que sinto, ou melhor, que ele me faz sentir.


Passei dias revirando dicionários em busca de definições, empenhada em encontrar um caminho para demonstrar em palavras esse turbilhão de sentimentos que se instalou em mim, mas, tudo em vão. Amar não é o melhor, e sim a reciprocidade, isso sim consegue emudecer minha alma.

Definitivamente, não sei definir a sensação de proferir palavras carregadas de sentimento e recebe-las de volta sobrecarregadas de carinho, é tão bom mirar os olhos e ser correspondida com aquele risinho camuflado dentro dos mesmos; é indescritível o conforto do abraço, o sabor dos lábios, a dança dos dedos entrelaçados e sempre unidos, numa sintonia mais que perfeita.

É extraordinário o que sinto, quando aquele olhar me persegue indomável e intensamente, me perco em seus elogios e declarações, esqueço-me até que sou mortal e digo que o quero, e o quero pra sempre...

Se existe alguma definição para tudo isso, Deus guardou para si, nossa capacidade meramente humana é insuficiente, totalmente inabilitada para se aproximar do significado verdadeiro de tão supremos sentimentos. Contento-me em apenas poder aprecia-los, saboreá-los, senti-los...

Continuo sem respostas, mas a frustração não tomou conta de mim, afinal, apenas sentir no peito consegue ser tão magnifico e indescritível que dispensa explicações, melhor que Deus mantenha esse Divino Segredo, que continue desse jeito; perfeito, lindo, e na ausência de palavras, melhor usar ...












sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

O negócio do Zé!

Glenda Barros

Minha avó é uma exímia contadora de causos. Ela tem o dom de entreter a meninada e os adultos, contando histórias antigas cheias de situações engraçadas e inusitadas. Numa dessas noites, com a família toda reunida na sala, ela contou um fato que não teve quem não chorasse de tanto rir.
O cenário da história era uma igreja grande de renome nacional, muitos membros; daquelas bem rígidas, com seus costumes e tradições seguidos com fidelidade por todos, até pra falar tinham regras. Nessas igrejas, sempre tem um determinado momento no culto em que são demandadas algumas oportunidades, que podem ser usadas com “liberdade” pelos membros da igreja para cantar, ler alguma passagem da bíblia, contar algum testemunho, ou algo relacionado a isso. Se ninguém vai por livre e espontânea vontade, o pastor aponta o dedo, diz o nome e manda subir no púlpito nem que seja pra plantar bananeira (fui longe!).
Numa dessas oportunidades, uma senhorinha baixinha, cabelos brancos, tom de voz cansado e o andar debilitado, subiu na plataforma e, com o microfone na mão começou a contar seu testemunho de vitória.
— Paz do Senhor irmãos!
— Amém! (vozes de mais ou menos umas 150 pessoas em uníssono, a igreja tava quase lotada).
— Irmãos, Deus tem sido muito bom pra mim, eu orei e Ele me ouviu!
(aleluia! Glória a Deus! Gritos+Palmas+Gritos... )
— Eu não agüentava mais, minha vida não tinha mais prazer, eu me sentia triste e insatisfeita (até aqui tudo bem!) o negócio do Zé (hã?!) era pequeno demais! (misericórdiaaaaaa!)

Um silêncio quase mortal tomou conta da igreja; de repente os olhares ficaram atônitos e fitos na senhorinha. Escandalizadas e horrorizadas, as pessoas começaram a cochichar entre si. Era misericórdia dum lado, (Jesus!) do outro, risadinhas cheias de má intenção no meio e olhares repressores e julgadores pra cima da tia (coitada!).
— Eu orei irmãos, e o negócio do Zé começou a crescer de uns anos pra cá.
— Uhhhhh+risadinhas....Sinônimo de:  “Ai meu Deus, quê que essa véia tá dizendo?!”
— Agora irmãos, eu me sinto realizada e feliz, o negócio do Zé está enorme (HUMMM) e agora eu tenho prazer (VÁLA-ME DEUS!)....
O pastor avermelhado de tanta vergonha sacou das mãos dá velhinha o microfone, e se dedicou, desesperadamente, a explicar o significado da expressão “o negócio do Zé”. A explicação era simples e óbvia, o negócio era uma pequena mercearia que expandiu e começou a render lucros. O povo não se conteve e caiu na gargalhada, risadas de alívio e ao mesmo tempo amedrontadas por denunciar, meio que sem querer, que suas mentes não eram tão puras assim. A velhinha desceu do altar sem nem ao menos mudar de cor.
O culto seguiu “normalmente” e o pastor, dias depois, anunciou um novo decreto determinando que, todo membro, antes de divulgar suas bênçãos no treco ampliador de voz (microfone), teria que recitar tudo pra ele em secreto, no seu gabinete. “É que eu quero evitar a fadiga!” E a igreja diz: AMÉM!

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

A culpa é da Eva!


Glenda Barros

           
            To agonizando na cama, rolando de um lado pro outro sem achar uma posição confortável. É como se um gato enraivado estivesse rasgando as minhas entranhas, como se um urso feroz estivesse me abocanhando pelas costas (sem trocadilhos!), tá arrancando tudo, inclusive minha paciência de Jó.
            Odeio sentir dor, e também sou do tipo que odeia se automedicar, então passo o dia todo amofinando em um ódio quase mortal. Cólica menstrual é o “Ó do borogodó”. Não sei você, cara leitora, mas eu não consigo me acostumar com esse desconforto mensal.
            Essa dorzinha chata e irritante me abate, consegue tirar da minha cara o sorriso espontâneo, subtrair minhas palavras, e de brinde ainda me deixa com aquela cara de quem comeu e não gostou. E como se não bastasse, a dor ainda vem acompanhada de uma hemorragia intensa que dura no mínimo quatro dias. Que nojooooooooo!!!!!!!!!!
            A culpa disso tudo é da Eva, que não conseguiu resistir aos encantos de uma simples cobrinha (continuem sem os trocadilhos!). Juro que se encontro a dita cuja no céu, faço justiça com minhas próprias mãos em nome de toda a comunidade feminina, atiro a infeliz da suprema corte ao calabouço, e faço questão de mirar o tombo dela bem nos “quintos” que é pra não correr o risco de errar (hoje eu tô cruel!).
            Não liguem para os requintes de crueldade que utilizei no texto, tentem apenas me compreender; no momento estou perdendo litros de meu precioso sangue A+ para um absorvente sem abas, sou obrigada a submeter minha coluna cervical a contorcionismos inimagináveis, no intuito de sanar a dor, e ainda tenho que empurrar, goela abaixo, aquele comprimido enorme, que segue vagarosamente rasgando meu esôfago.
            Já filosofei demais pra um texto só, essa sensibilidade exagerada já tá quase me fazendo chorar. Antes que o nó aperte minha garganta, vou tratar de empurrar logo a drágea que mantem meus nervos (des)controlados, afinal a Eva não está ao alcance da minha vingança e meus instintos cruéis estão começando a me assustar....

Salve-se quem puder!

sábado, 12 de fevereiro de 2011

Quatro ANJOS em minha vida...

Glenda Barros


Glenda Barros

Amizade é coisa que a gente leva pra vida toda, dentro do peito, nos devaneios da memória. Não sou de muitos amigos não, mas os que tenho são bons, e verdadeiramente dedicados a esse sentimento.
Me considero uma pessoa privilegiada, pois tenho a minha volta, me cercando de bons momentos, pessoas que somam experiências e multiplicam minha felicidade. Se eu pudesse, eternizava cada instante passado na companhia delas, paralisava o tempo pra saborear devagar as muitas gargalhadas incontroláveis, quase sufocantes, que compartilhávamos em uníssono no calor das conversas, interrompendo o raro silêncio...
Hoje quero homenagear alguns desses seres angelicais, nomeados pelo próprio Deus para acompanhar algumas estações da minha vida. Cada uma tem seu jeitinho singular, mas todas me encantam de forma similar.
Um desses anjos traduz-se constantemente em sorrisos, nunca vi alguém com um humor assim tão constante (CARLEN), outra é mãezona, exprime seus sentimentos com muita aptidão e autenticidade(NARA). Uma delas mexe os olhinhos que nem bonequinha em vitrine de loja, um rostinho de menina escondendo-se na estrutura de uma mulher (ANA); por vezes fui advertida, aconselhada e por muitas outras fui protagonista de cenas de cuidado e dedicação desse outro anjo, sublime em seu falar, corajoso em seu agir (MARISA).
Quisera eu ser dona das palavras, mas sou mera manipuladora delas. Vou torcendo, retorcendo, moldando e ajeitando-as de maneira que elas demonstrem tudo o que sinto. Com esses quatro anjos convivi por nove meses, e fui feliz em cada segundo pulsado pelo relógio. Não vou guardá-las no coração, farei melhor; vou imprimi-las em minhas ações, dessa forma, vou aumentando minhas chances de me igualar a elas e, quem sabe um dia, eu vire um belo anjo assim também...
Um texto assim não merece um fim, vou continuar escrevendo-o, não num papel comum, mas nas páginas da vida, com direito a ilustrações vibrantes, redigido em uma formatação particular e exclusiva, tudo do meu gosto, descontroladamente do meu jeito. Só peço a Deus que não me prive da companhia desses anjos, que o vento de suas asas continue virando as paginas de meu livro, e que a pulsante trilha sonora de seus sorrisos embale as cenas dos meus próximos capítulos...
A amizade agora encontrou uma nova companhia, A SAUDADE ...
P.S. Texto dedicado a esses quatro anjos de minha vida....CARLEN, NARA, ANA e MARISA.

sábado, 5 de fevereiro de 2011

Tive PENA da TRISTEZA....


Glenda Barros

Tá pra nascer sentimento mais horrível que soberba. Quando me deparo com gente assim, nasce um sentimento ainda pior em mim, a tal da PENA. Não sei, é inevitável, me dá pena perceber o quanto da vida é perdido tentando elevar o próprio ego a alturas inalcançáveis, quase everestianas.         
Observava outro dia uma fulana com tanta altivez de espírito, que o umbigo dela foi parar na testa. A dita-cuja ostentava tanto luxo na cara e no corpo, mas me ligava à cobrar pra pedir carona, é mole?
A vida de gente assim é quase tão medíocre e miserável quanto à de um pobre morador de rua. Viver se equilibrando em cima da linha do orgulho e da altivez de espírito repele a companhia humana, pois o odor produzido por tal comportamento é quase tão insuportável quanto o cheiro de azedo produzido pela sujeira e falta de higiene do dito morador.
O aspecto e a fisionomia dos soberbos se escondem atrás da altura elevadíssima do ego. Não se percebe a beleza, não se contempla bondade, só é perceptível o olhar altivo emoldurado por sobrancelhas arqueadas, que se juntam na terrível formação de uma expressão fria e completamente vazia de sentimento pelo próximo.
Eles têm um jeito tão específico de se portar que são notados a léguas de distância. Dá pra ouvir a terra reclamando das pancadas escandalosas de suas passadas, fiquei cansada só de observar o esforço absurdo que os pulmões fazem pra permanecerem sempre cheios de ar, e quase morri de tristeza ouvindo o clamor aflito dos poros por apenas um toque...
            A soberba é mesmo triste de se ver! Pela primeira vez na vida tive PENA da TRISTEZA, ali escondida e trancafiada dentro de um corpo totalmente ornado de autoconfiança, sendo forçada a revelar-se em sorrisos falsos; violentamente coagida a transparecer aquilo que sua essência condena como antônimo. FELICIDADE forçada chega a ser mais infeliz que a própria TRISTEZA. O remédio milagroso pra todos esses sintomas se chama HUMILDADE, quando ela se instala deixa tudo mais leve, a tristeza vêm à passeio, o orgulho fica mansinho e felicidade se arreganha no peito.
*Ao persistirem os sintomas um médico/psicólogo deverá ser consultado.