terça-feira, 27 de julho de 2010

O SENTIDO DA VIDA

A saudade, ao contrário do que todo mundo diz, não é um sentimento muito bom, afirmo com todo certeza, pois, se fosse bom, não iríamos querer findá-lo em nossos corações com uma visão ou um abraço apertado daqueles de quem sentimos saudade. Podem até achar que meu ponto de vista é um tanto extremista, mas não podemos negar fato de que lembranças jamais substituirão um toque de afeto, e nem tão pouco poderão suprir a ausência de alguém que tanto amamos.


Saudade, e só saudade é o que sinto nesse momento...

Queria muito que o dia de hoje fosse um sonho, queria poder me beliscar agora e acordar desse pesadelo, pois minha querida e doce vovozinha faleceu, e eu nem pude lhe dar um último adeus (o porquê é uma história longa que prefiro não falar). Aquele sentimento que eu sempre dizia ser bom e gostoso, pra mim hoje é o pior que já senti. Queria tanto tê-la de volta, mas diante da morte consumada o sentimento que predomina no peito é de impotência, de incapacidade.
Todos nós sabemos que a vida continua e que as coisas seguirão seu fluxo normal, sabemos também que a morte existe e que um dia todos nós a enfrentaremos, mas o curioso é que, temos plena consciência disso tudo e mesmo assim não deixamos de sentir uma imensa dor desconfortável no peito; que é como se uma mão enorme segurasse nosso coração e o apertasse numa pressão tão forte que chega a faltar o ar. O fato agora é que, o que antes era uma falta que poderia ser suprida quando quiséssemos, agora é uma ausência permanente que nos proporciona como conseqüência, uma saudade crônica e incurável.
Passar por esse momento me fez refletir sobre uma questão. Acho que é uma indagação feita pelo menos uma vez na vida por qualquer pessoa. Quem nunca parou pra pensar em qual o sentido da vida? As pessoas filosofam sobre isso, vão em cima e embaixo para tentar explicar algo tão simples. Eu prefiro pensar no sentido mais puro da palavra, SENTIDO = DIREÇÃO. No meu humilde ponto de vista, o sentido da vida é pra frente, e penso mais; aqueles que entendem isso são bem aventurados.

A dor de perder alguém é algo tão grande que palavras não conseguem descrever, saber que nunca mais em sua vida você poderá ter o abraço daquele ente querido, ou poderá visualizar o sorriso dela, ou simplesmente ouvi-la. É uma dor que, honestamente, paralisa nossos sentidos, a vontade que se tem é a de ter o poder de parar o tempo, para não sentir mais o gosto amargo de perder alguém.
O ser humano é um milagre mesmo. Somente Deus pode ter sido o criador de tal criatura, pois mesmo diante de uma dor assim tão terrível, ainda consegue permanecer de pé e seguir em frente. Hoje eu posso dizer que entendi o sentido da vida, e pretendo segui-lo até que ele seja interrompido naturalmente pelas circunstâncias adversas. Não podemos parar o tempo, e nem se pudéssemos teríamos o direito de faze-lo, pois além de nos privar de muitos outros momentos, estaríamos extraindo de várias outras pessoas esse mesmo direito de viver e sentir emoções. O mais sensato a se fazer, é seguir em frente e procurar nas lembranças o consolo da dor e a força para continuar a caminhar.

“A saudade é a nossa alma dizendo para onde ela quer voltar” (Rubem Alves).

In Memoriam Natalia Barros de Sousa

‘Glenda Barros