Uma
folha de papel em branco pode ser tão ameaçadora quanto um olhar cheio de
inveja e raiva. O fato de ter tantas ideias na mente e simplesmente travar em
frente a um pedaço de papel me assusta, e me assusta muito.
Aperto
os olhos na tentativa de espremer os pensamentos pra ver se pega no tranco, mas
não dá, é questão de inspiração, quando a coisa não vem, não adianta tentar
coisar coisa nenhuma, pois no fim transformamos substantivo em verbo e
pensamentos em absolutamente nada.
O papel continua branco, forte e firme na
tentativa de me superar, mas eu, legitimamente birrenta insisto, pelo menos
enrijeço meu bíceps com o vai e vem da caneta, assim fico menos frustrada no
fim das contas.
Após
longos dez minutos em frente a ela (ainda em branco) me rendi, e de cabeça
erguida me levantei e parti (rica e fina) pra uma pilha enorme de louça suja,
nada melhor que o esfrega/esfrega da esponja nas panelas para sua imaginação
flutuar rumo a direções longínquas.
Ainda
com as mãos molhadas voltei pra ela, agora cheia de autoconfiança presumindo eu
que escreveria um Best Seller em dois minutos, e no frigir dos ovos saiu esse
belo monte de coisa nenhuma que você está lendo.
Nunca pensei
que inspiração tinha vida própria, pensei que eu podia manipula-la quando eu
quisesse, na hora que eu precisasse, mas não é assim não, a gente dança
conforme a música dela, e ela não estava muito a fim de tocar. Sem mais
delongas eu me rendo, e agora é de vez, outra vez...
Viva a divina
inspiração!!!