quinta-feira, 25 de novembro de 2010

São as Coisas da Vida...


Já viu cara de decepção? Se você me visse hoje, certamente notaria essa cara ai em mim. Ta ai um sentimento que a gente tenta, mas não consegue não imprimi-lo bem no meio da cara. É um trem esquisito e instantâneo, a noticia vai sendo dada e as suas sobrancelhas automaticamente caem, seus olhos murcham que nem tomates secos e o nó na garganta aperta.

Observando atentamente meu estado físico atual, percebi que as danadas das minhas sobrancelhas têm vida própria, eu emitia um mandato cerebral para que elas reagissem de maneira natural, mas tudo em vão, elas permaneciam descaídas, deixando minha expressão facial morta e horrorosa.

Meus olhos são extremamente submissos ao movimento decrescente desses arcos desobedientes (sobrancelha), sem titubear eles iam se acomodando em cima das bochechas, dando aquele aspecto assombroso de peso e rabujice mórbida.

A garganta se fechou num punho enorme, e começou a socar meu querido estômago com muita potência, provocando cólicas desconfortáveis que impediam o curso normal das coisas, a comida não desce e a água vai saindo pelos olhos descontroladamente, com a força de uma barragem corrompida.

Queria eu ter em mãos uma pílula antibiótica que agisse imediatamente depois de ser ingerida, porque essa minha cara de decepção é milhões de vezes pior que a mistura do Chuck (boneco assassino) e o Freddy Krueger, tão feia e abatida que eu fico.

E o pior é que você tem que ficar explicando por vezes seguidas no mesmo dia, sem contar que ainda tem aqueles que te abordam se utilizando daquelas frases ridículas de puxação de assunto como: “porque ta com essa cara de bunda?” ou “que foi que você tá com essa carinha amarrada ai?”, porque o infeliz nunca tem coragem de perguntar diretamente, com isso ele contribui imensamente, para sua incrível aquisição de uma cara de raiva, estressada e vermelha.

O único remédio eficaz na cura da decepção é o choro, pois é o desabafo da alma em forma de gotículas cristalizadas no olhar (falei bonito!). Indico também que você chore diante do espelho, isso mesmo, porque quando você visualizar seus olhos inchados, seu nariz enorme e desproporcional e sua cara feia e desiludida nunca mais vai querer repetir a dose.

Faço do dito popular minha filosofia de vida, “decepção não mata, ensina a viver”, amanhã o sol se encarregará de secar as minhas lágrimas, e a vida vai me dizer com todo o seu otimismo poético, que essa é só mais uma de muitas, e que o futuro ainda me reserva muitas dessas pequenas DECEPÇÕES...

São as coisas da vida!

´Glenda Barros

terça-feira, 23 de novembro de 2010

O segredo é se livrar da trouxa...

A vida às vezes nos surpreende com momentos e situações geradoras de uma felicidade descomunal. Como eu já disse em textos anteriores, pra mim o sentido da vida é pra frente, não fico procurando teses filosóficas, hipóteses psicodélicas para justificar o meu estado permanente de satisfação.
Descobri que ser grato em qualquer situação pode ser revigorador, impulsiona as pernas da vida a seguir adiante. Se me mantenho fechada e mergulhada num poço de mágoa e amargura, minha história dá passos largos para trás e a vida perde seu SENTIDO natural.

Enquanto minha boca proferia palavras mesquinhas de ingratidão e de desgosto, minha biografia ia sendo redigida à base de tinta em tons escuros num papel velho, mofado e cheio de imperfeições. Até que percebi que para ser feliz e realizada bastavam-me apenas duas coisas, perdoar e esquecer.
Quando eu realmente comecei a viver esses princípios, posso afirmar que toneladas saíram de minhas costas, o fardo ficou mais leve e a mobilidade passou a ser uma tarefa mais prazerosa e simplificada. Andar é bem mais fácil quando não temos uma trouxa de mágoas para carregar.

A gente tem uma facilidade de guardar coisas ruins, enquanto que coisas boas ficam lá, guardadas no fundo da memória, um fato que eu considero injusto e tolo de nossa parte, pois os livros de nossas boas memórias deveriam ficar expostos nas prateleiras mais visíveis e num lugar de mais prática acessibilidade, onde possam ser achados com extrema facilidade e apreciados com mais freqüência.

Eu decidi perdoar e fiz questão de esquecer muitas situações desagradáveis e tristes, ficar relembrando certas coisas só vão adoecendo os ossos e tornando a caminhada mais dolorosa e cansativa. Vivo sorrindo, e o melhor é que não preciso de um motivo ou de um incentivo, só preciso sentir o ar invadir minhas vias respiratórias e estufar o meu peito, confirmando que a vida ainda permanece firme em mim...

O meu conselho é que a gratidão seja algo real,  algo vivido com intensidade e verdade, que o perdão passe de apenas uma palavra para uma atitude consciente e permanente, e que o ato de esquecer fatos ruins seja encarado, não como uma maneira de se esquivar dos problemas, mas como uma estratégia mais inteligente e rápida de se lembrar que ainda existe vida e que ela precisa ser vivida...

Portanto,

Vá e não peques mais...

'Glenda Barros

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Do baú para o papel...



Hoje acordei inspirada e saudosista, mergulhada nas lembranças, e pra não perder a oportunidade cá estou eu pra tentar contar, resumidamente, um pouco da minha história.

Nascida e criada até os seis anos de idade no interior, a roça não saiu de dentro de mim. Mesmo vivendo a maior parte da vida em cidade grande, o interiorzão ta grudado no meu peito, no meu jeito, na minha cara. Gosto de roça, do cheiro de mato, esterco de vaca e barulho de água espancando a pedra. Quem me vê falando assim logo pensa que eu cresci numa fazenda, quem me dera, mas não; nada disso, mas era quase, só faltava a água, a vaca, o esterco (...). Mato tinha, e tinha muito.

Saudade da minha terrinha, onde o calor ardente cozinhava a testa exposta e vulnerável, onde não tinha vento, fazia 40°C na sombra e eu saia correndo nas ruas fritando os pés no asfalto quente; realmente o corpo se adapta mesmo as condições do meio, eu nem sentia calor, meus pés não rachavam e o suor eu nem sabia que existia.

Já em terras goianas comecei a viver os dilemas da vida, a adolescência não foi conturbada não, mas foi meio apagadinha, sem travessuras, sem aulas enforcadas, sem peripécias extraordinárias. Feia e introvertida, eu sempre era a ultima a ser escolhida na hora do vôlei, sentava na primeira carteira, puxava o saco da professora (nerd) e meu nome nunca era lembrado por ninguém.

Mas como é inevitável eu cresci e apareci (graças a Deus!), virei mulher, deixei pra trás meu rostinho de criança, minha infância, minha raiz. Meu corpo já não é mais franzinho, meu rosto já possui marcas esculpidas pelo tempo e experiências. Se eu pudesse voltar no tempo, mesmo assim não voltaria, gosto de ver a evolução da vida, e mudar os fatos talvez não seja a solução, talvez traga ainda mais confusão.

Ainda tenho muito da garota sonsa, só que agora eu finjo que sou, é charme (rs)! Com o olhar eu converso, brigo, disfarço meu jeito de mato. Vivo um dia de cada vez, pra ver se o tempo passa mais devagar e me dá mais prazo pra realizar o que eu quero, o que eu já quis e ainda não consegui. Hoje vejo as coisas com outras intenções, não me magoou facilmente e nem me enfureço atoa, prefiro me erguer sorrindo que permanecer no chão chorando.

Ainda tenho muito pra aprender, meu estoque de caras eu renovo todo dia, é quebrando uma e eu colocando a outra. Não sou uma heroína, não “causei” na avenida, não fui paquita, não sou bonita, sou só mais uma, caindo e levantando na estrada da vida...


'Glenda Barros

sábado, 6 de novembro de 2010

AUTO ESTIMA não tem senso de ridículo!


Existem pessoas que não tem o mínimo senso de ridículo. E o fato que me intriga é que, estranhamente elas conseguem sobreviver a essa selva de pedra cheia de regras e padrões. Outro dia eu vi na rua um personagem do sexo feminino, mais ou menos uns 45 anos (pelo menos era o que a cara dizia) e que andava escandalosamente em cima dum salto 15cm, se achando a Gisele Büdchen.

Enquanto vou descrevendo a fulana, você vai imaginando ai a figura da mesma. Comecemos pelas madeixas (cabelo). Fiquei invocada, louca pra saber que cor era aquele cabelo, a raiz era castanho escuro, com alguns fios brancos brigando e insistindo em permanecer, da metade do cabelo até mais ou menos nas pontas um amarelo lutando pra ser loiro (sem sucesso), e nas pontas um tom meio avermelhado de uma tinta jogada antes do loiro/amarelo, dando aquele aspecto de pêlo de vaca malhada.

Digamos que a fulana não tinha aquele físico perfeito, seu peso equivalia ao de um filhote saudável de elefante e a circunferência de sua cintura, era semelhante ao de uma máquina de lavar roupas hospitalar com capacidade para 100kg (pense!), fiquei imaginando aquele monte de carnes entrando naquela calça legging de couro preta, como ela conseguiu aquela proeza?! A onça que foi morta para vesti-la devia ser pequena, porque a blusa além de curta era apertada, demarcava com perfeição todos os seus pólos.

Eram poucos dedos pra tantos anéis, um de cada cor, usava tudo isso e se sentia a gostosa do pedaço. A dita cuja exibia toda sua silhueta num rebolado extravagante, transmitindo toda sua sensualidade calórica num batom pra lá de vermelho. Olhei para digníssima, encarei-a nos olhos e ela arreganhou aquele monte de dentes pra mim e disse, em alto e bom tom -E ai amaaaada!-; instantaneamente pensei, isso sabe falar?!
Paralisei apavorada, mas bastaram-me cinco minutos de conversa pra eu me derreter aos encantos daquele ser pra lá de estranho, era uma amante da vida, sem baixo astral, acreditava no amor, na felicidade, que o Elvis ainda está vivo e que papai Noel existe.

Brincadeiras a parte, tenho que confessar que admiro pessoas assim, elas têm uma auto-estima muito resolvida (penso eu), pois se acham lindas, andam como se tivesse uma multidão de câmeras fotográficas registrando cada momento, cada passo; se exibem constantemente como se fossem um padrão a ser seguido e tudo isso com direito a caras e bocas provocantes. Geralmente são figuras bem humoradas, brincalhonas, riem alto e sempre têm uma frase de efeito motivador que tem o poder sobrenatural de nos tirar da fossa. O que realmente importa para elas é ser feliz, e o espelho é só mais um objeto de ornamentação e não um alguém com direito de dar pitaco em sua felicidade...


'Glenda Barros