segunda-feira, 5 de julho de 2010

Romance a La Modernidad




A festa tava animada, todo mundo batendo papo, rindo alto e a mulherada, claro, colocando a fofoca em dia. (Os mano chegaram!) gritou o aniversariante todo empolgado, afinal, seus melhores amigos vieram prestigiar-lhe naquele dia. Eles entraram, cumprimentaram a galera, e logo estavam no meio de toda aquela bagunça e barulheira que nós chamamos de festa.
Eu estava me sentindo um daqueles peixes fora d’água, sabe, não conhecia quase ninguém, um pessoal diferente pra mim, foi quando, senti algo perfurando minhas costelas, dividindo-as brutamente o que provocou em mim, logo de imediato, um desconforto horroroso. Era minha querida prima e sua mania infeliz de cutucar. Chamou-me para um canto e disse: − Acho que o fulano ta de olho em você! Minha reação foi “tranqüila e sossegada”, (mentira) retornei ao meu lugar de origem, sentei-me e continuei em minha saga por um pouco de espaço e atenção.
Lá vem ele. − Ai meu Deus, é agora! Pensei comigo mesma, ajeitando o cabelo e dando uma levantada na postura. Fiquei ali, esperando alguma “deixa” dele e, nada...
Ele seguiu conversando normalmente, como se eu nem ali estivesse. Mas a noite ainda estava no começo. E a festa foi rolando, os casais foram se formando e eu ali, no meio de todo aquele amor e, nada....
O casal do meu lado se levantou e saiu, ele, dando uma de desentendido, levantou-se e sentou-se ao meu lado, não muito perto pra não se dizer interessado (imaginei). Meu pescoço parecia que nunca mais ia se mover (paralisei), a respiração era cada vez mais escassa e sussurrante, afinal, queria escutar tudo que ele dizia.
Ei, psiu! Disse ele. Eu, como toda mulher, fingi que não ouvi só pra ter o gostinho de ouvir ele me chamar de novo. Dito e feito! Ele me chamou e eu toda prosa fui me sentar ao lado dele. (ainda assim, sem deixar transparecer que eu queria alguma coisa) Ele puxou logo assunto e a coisa começou a fluir e como era de se esperar, logo ele elogiou o meu perfume e disse aquela, aquela frase manjada, mas que toda mulher no fundo ama ouvir, − Nossa que olhar marcante, foi a primeira coisa que observei em você! A gente sabe que é pura mentira, os olhos nunca foram e nunca serão a preferência nacional, mas mesmo assim, meus olhinhos pretos brilharam e se encheram de esperança quanto ao fim daquela noite.
Meus ombros tensos me impediam de gesticular muito, foi quando decidi me levantar e ir até a churrasqueira comer um pedacinho de carne assada e dar aquela respirada bem fundo, afim de aliviar a tensão. Voltei, e me sentei. Ele meio acanhado e tremulo agarrou a minha mão e a apertou forte, − Suas mãos estão frias! É?! E não saiu mais nada depois daquele “é”. Os lábios dele nos meus, os meus no dele, e tudo parou. Que delícia de momento, que beijo mais que bom! (pensei só)E...não teve nada depois deste “E” também. Nos beijamos, nos abraçamos , matamos a carência que estava nos matando, e fomos embora pra casa, os dois, com a sensação (fria e calculada) de “dever cumprido” e nenhuma intenção de prolongar o momento.


Glenda Barros