terça-feira, 18 de fevereiro de 2014

Depois da queda

Glenda Ribeiro

Depois da queda, tudo o que era forte e bem edificado se resume em pedaços, que só lembram vagamente a imagem do que foi destruído. O processo de reconstrução sempre é mais difícil, porque não se reconstrói algo usando pedaços de ruína.
E é bem nesse ponto que a gente se perde, quando se diz respeito à confiança. Quando o nosso sonho de repente vira poeira, nos enfiamos embaixo dos escombros e nos apegamos àquele monte de entulho.
A gente age como se tivesse levado uma facada no peito, mas não quisesse tirar a faca. É uma dor chata e besta pelo que se foi, e uma descrença terrível pelo que há de vir. Você deixa de acreditar que aquela parede vai se erguer e ficar no lugar.
A expectativa fica só na queda e não no triunfo. Se libertar desse medo de por a mão na massa é difícil, mas é preciso, não se pode viver agarrado ao passado, vivendo e revivendo momentos de decepção, se lamentando pelos restos.

Se um dia tudo desmoronar esteja pronto para levantar, sacudir a poeira e se livrar dos pedaços, pois o lugar precisa estar plano, o coração tem que seguir tentando, a vida não pode parar, ela tem que seguir em frente, tem que continuar!