quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Do baú para o papel...



Hoje acordei inspirada e saudosista, mergulhada nas lembranças, e pra não perder a oportunidade cá estou eu pra tentar contar, resumidamente, um pouco da minha história.

Nascida e criada até os seis anos de idade no interior, a roça não saiu de dentro de mim. Mesmo vivendo a maior parte da vida em cidade grande, o interiorzão ta grudado no meu peito, no meu jeito, na minha cara. Gosto de roça, do cheiro de mato, esterco de vaca e barulho de água espancando a pedra. Quem me vê falando assim logo pensa que eu cresci numa fazenda, quem me dera, mas não; nada disso, mas era quase, só faltava a água, a vaca, o esterco (...). Mato tinha, e tinha muito.

Saudade da minha terrinha, onde o calor ardente cozinhava a testa exposta e vulnerável, onde não tinha vento, fazia 40°C na sombra e eu saia correndo nas ruas fritando os pés no asfalto quente; realmente o corpo se adapta mesmo as condições do meio, eu nem sentia calor, meus pés não rachavam e o suor eu nem sabia que existia.

Já em terras goianas comecei a viver os dilemas da vida, a adolescência não foi conturbada não, mas foi meio apagadinha, sem travessuras, sem aulas enforcadas, sem peripécias extraordinárias. Feia e introvertida, eu sempre era a ultima a ser escolhida na hora do vôlei, sentava na primeira carteira, puxava o saco da professora (nerd) e meu nome nunca era lembrado por ninguém.

Mas como é inevitável eu cresci e apareci (graças a Deus!), virei mulher, deixei pra trás meu rostinho de criança, minha infância, minha raiz. Meu corpo já não é mais franzinho, meu rosto já possui marcas esculpidas pelo tempo e experiências. Se eu pudesse voltar no tempo, mesmo assim não voltaria, gosto de ver a evolução da vida, e mudar os fatos talvez não seja a solução, talvez traga ainda mais confusão.

Ainda tenho muito da garota sonsa, só que agora eu finjo que sou, é charme (rs)! Com o olhar eu converso, brigo, disfarço meu jeito de mato. Vivo um dia de cada vez, pra ver se o tempo passa mais devagar e me dá mais prazo pra realizar o que eu quero, o que eu já quis e ainda não consegui. Hoje vejo as coisas com outras intenções, não me magoou facilmente e nem me enfureço atoa, prefiro me erguer sorrindo que permanecer no chão chorando.

Ainda tenho muito pra aprender, meu estoque de caras eu renovo todo dia, é quebrando uma e eu colocando a outra. Não sou uma heroína, não “causei” na avenida, não fui paquita, não sou bonita, sou só mais uma, caindo e levantando na estrada da vida...


'Glenda Barros

16 comentários:

AC disse...

Gostei da prosa suave e objectiva numa espécie de balanço de vida...
Glenda, ainda há tanta vida pela frente!

Beijo :)

Rob Novak disse...

Doces lembranças da infância. Se tudo na vida mantivesse essa leveza de existência, ser adulto seria mais simples.

Ótimo texto!

Bjo

Wil disse...

A vida não é uma nuvem passageira como alguns cantam por aí.
É muito bom recordar e ter na memória a vida. E é muito bom escrever sempre que puder toda a experiência que se adquire com o tempo.
O tempo não pára, já cantava Cazuza.

Abraço

Carlen Alves disse...

Olha quanto ao tempo realmente esse ai passa viu e como passa, lembrar do nosso passado é sempre bom, mesmo que nestas lembranças você recorda algumas besteiras que fez, mas ainda sim é bom saber que já passou e que o erro possa se tornar uma lição.Quanto ao rostinho de sonsa esquece, isso ai vc não tem mesmo viu ...beijuuuu da gorda!

Bella Dourado disse...

Xiiiiiiiiiiiiiiii; - Você me passou o "sentimento" Tô Xaudade, da minha vida lá no meio do mato; lá dentro das ilhas, correndo solta pelos campos; nadando por entre riachos; enchendo a pança de butiá - araçá - pitanga, travessuras Hum!!!!!! Saudades.

Mas crescer faz parte da vida e fui para a civilização com 11 anos e sinceramente, não quero voltar para trás não (Nem posso!); afinal crescer é uma dádiva de DEUS.

Obrigado pelo texto linda - vc sempre encontra uma maneira de sacudir as emoções, rs,rs

Tais Luso de Carvalho disse...

Oi, Glenda, qualquer que seja o tempo que vivemos fica marcado: algumas coisas foram lindas – conforme nossa percepção -, outras foram lastimáveis. Mas o ser humano é assim e não vamos mudá-lo; somos tão pequeninos, um grãozinho de arroz nesta imensidão que se chama universo. Em outros tempos as criaturas se queixavam como se queixam hoje: tudo poderia ser diferente... Ninguém é completamente feliz e satisfeito com seu físico, sua vida. Para uns o cheiro do mato, do esterco, das galinhas é o céu; para outros, o concreto puro é maravilhoso, tem seus encantos (?). E a gente cresce sempre querendo que tudo tivesse sido diferente. Mas diferente de quê, se as opções não são tantas como imaginamos... Quanto mais ricos somos, mais queremos, sempre mais e mais.
O legal é conseguir renovar-se, levantar, esquecer dos tombos e tentar ser feliz na medida do possível. Não fazer da nossa vida um inferno e sim achar na simplicidade um pouco de felicidade. E quebrando a cara e arrumando outra... Bela crônica, amiga! Muito verdadeira, e como eu gosto disso!
Hoje, com tanta gente criada dentro de apartamento em frente a um micro, erga suas mãos pela infância que você teve! E não quebre muito a cara, talvez Deus não lhe dê outra tão bonita...

Beijão grande.
Tais luso

Lara. disse...

Somos todos "apenas mais um" e ao mesmo tempo não somos apenas isso, porque somos únicos. Ás vezes, não fazer parte do "clube", nos traz aprendizados que só o tempo revela. E você é consciente disso, expressou de forma pura e sincera. Gostei. Beijos

Sueli Gallacci disse...

Tudo me convenceu, menos esse papo de "feia"... sei, sei...

Quando eu tinha a tua idade, também não desejava voltar no tempo. Hoje tudo o que eu mais quero é encontrar o gênio da lâmpada que me realize um pedido. Melhor dizendo, dois: Um para viajar até a minha infância e o outro que me traga de volta. Na verdade, eu queria poder ir e voltar rsrs.

Não nasci no mato como vc, sempre tive uma vida urbana, mas a roça, o cheiro do gado, o cheiro de terra molhada no principio da chuva sempre estiveram presente na minha vida desde que me entendo por gente. Meus pais sempre tiveram sítio, e temos até hoje. Não entendo felicidade de outra maneira, se não, em contato com a natureza. É por isso que hoje vivo literalmente no mato, por opção. Sem roça de plantações ou gado, mas ao lado de uma reserva intocada pelas mãos destruidoras dos homens.

Um belo relato esse teu texto. Eu me encanto por tudo que vc escreve pela transparência e honestidade presentes.

Um beijo enorme.

Cláudia disse...

Saudosismo... Hoje também acordei saudosista e publiquei um texto falando da infância, falando dos meus irmãos. Quanto a você dizer que não é bonita... Ora, ora, ora... Quer um espelho de presente de Natal??? rs... Você é linda!!!

Beijo de sua leitora,

Cláudia

JB disse...

Foi um prazer conhecê-la melhor!
Há palavras suas que forma importantes para mim! Obrigada!

beijinho

Preguiça alheia disse...

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Abraço,
P.A.
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